Mariana Jones procura “acolher” crianças da Ucrânia com história de esperança

“Klara – a menina de olhos-céu” e “Caracóis com Cores”, duas obras literárias infantis, da autoria de Mariana Jones, foram ontem, 1 de junho, apresentadas no Centro Educativo Alice Nabeiro (CEAN), em Campo Maior, no âmbito das comemorações do Dia da Criança.

O segundo trabalho de Mariana Jones, “Klara – a menina de olhos-céu”, escrito em português, mas também traduzido para ucraniano, de acordo com a escritora, surge, acima de tudo, como uma procura de “dar amor em tempos de guerra”, sobretudo às mulheres e seus filhos que têm chegado a Portugal, vindos da Ucrânia, tendo sido escrito quando procurava “respirar” após um período longo e conturbado de pandemia.

“Este amor, para mim, só podia ser transmitido através de palavas escritas”, garante Mariana Jones, adiantando que a tradução da obra para ucraniano surge no seguimento do acolhimento de “tantas crianças” no país. “O mínimo que eu lhes podia dar eram palavras, na língua delas, que as acolhessem também: a elas e às mães, que pudessem tentar adormece-las com uma história ou tentassem mimá-las”, explica.

Tentando não fugir ao tema da guerra, para que as crianças pudessem “não fugir das suas emoções”, Mariana Jones assegura que este é um “livro de esperança e de acolhimento”: “que mostra que há casas que acolhem, que há uma língua universal, que é a comunicação através de olhos, gestos e sorrisos”. Mais que isso, este livro “mostra que há caminhos alternativos, que podem ter obstáculos, mas que também podem ter luzes e pessoas que nos acolhem, nos abraçam e nos dão colo”.

Já o primeiro trabalho da autora, “Caracóis com Cores”, que retrata “as emoções em tempos de pandemia”, tem por base a própria vida da autora, ainda que de uma forma “romanceada”. “É a história de uma mãe e de uma filha, que de repente ganha uma irmã”, revela Mariana Jones. “São várias emoções, que foram exploradas pelas minhas filhas, entre o amor de irmãs, a raiva de irmãs, a vergonha, o medo, a tristeza. Foram histórias que me foram acontecendo e que foi consegui romancear e mostrar que as emoções são importantes e que existem”, explica ainda.

Para ilustrar estes dois trabalhos, Mariana Jones convidou a sua amiga de longa data Inês Portugal. A artista não esconde que ilustrar os textos de Mariana é “muito fácil”, até porque é simples ilustrar um texto “que não é desprovido de afeto”. “Eu tento sempre, nas minhas ilustrações, filosofar um bocadinho. Voam sempre um bocadinho mais que o texto, porque o texto da Mariana é sempre muito profundo e eu tenho ilustrar as palavras dessa forma”, confessa.

Das duas obras, Inês Portugal revela que “Klara – a menina de olhos-céu” foi a mais complexa de ilustrar, até porque, com este livro, quiseram chegar às mães e crianças que têm chegado da Ucrânia ao país, não querendo, por outro lado, “mostrar o lado mau da guerra”.

As duas obras de Mariana Jones, ontem apresentadas no Centro Educativo Alice Nabeiro, contam com o apoio da Delta Cafés. Na sessão, para além da autora e da ilustradora, estiveram ainda a tradutora para ucraniano, Ivanna Grabovetska, bem como a psicóloga e coach Ana Sá.