A Academia de Música de Elvas nunca teve tantos alunos como hoje em dia.
Já descrito por Marcelo Rebelo de Sousa como “um centro cultural e de formação prestigiado e prestigiante”, o conservatório da cidade obteve, no último concurso lançado pelo Ministério da Educação, para celebração de contratos de patrocínio, que visava a integração de novos alunos dos anos letivos entre 2020 e 2026, 98 pontos, num máximo possível de cem, tendo sido a classificação mais elevada da região sul e a segunda melhor a nível nacional.
Esta acaba mesmo por ser a pontuação máxima possível a ser atribuída à Academia de Música de Elvas, até porque, revela o diretor pedagógico, Luís Zagalo, para alcançar os 99 pontos – sendo que os cem nunca nenhuma outra instituição alcançou – seria necessário que fosse oferecida uma outra valência, que não a música, como as artes visuais, por exemplo. “Não temos, em bom rigor, enquanto oferta formativa e, por outro lado, mesmo que quiséssemos ter, não poderíamos, porque estas instalações estão completamente lotadas com a música e não é uma opção que se coloque”, justifica.
Com o resultado alcançado neste último concurso, o conservatório elvense conseguiu um novo número recorde de alunos, quer no curso básico, quer no curso secundário. As pontuações obtidas nos diversos critérios, que vão desde à taxa de progressão dos alunos à estabilidade do corpo docente, fazem desta uma das melhores escolas de ensino artístico especializado do país. Ainda assim, para Luís Zagalo, mais que celebrar o sucesso, é preciso ter noção que, nem sempre, “o caminho será pautado por momentos felizes”.
Ao dia de hoje, são cerca de 600 os alunos a que a Academia de Música de Elvas dá resposta, sendo que destes são perto de 250 os que, semanalmente, frequentam as instalações do conservatório, nos diferentes cursos. Todos os outros estão abrangidos pelos diferentes protocolos estabelecidos, com instituições como o Semi-internato de Nossa Senhora da Encarnação e a Obra de Santa Zita, às quais os professores da Academia, que atualmente, são vinte, se deslocam.
Mas a falta de espaço para que mais alunos possam integrar a Academia de Música poderá vir a ser um problema, tendo em conta o atual modelo de financiamento determinar, consoante a avaliação feita, o número de vagas disponíveis. Por isso, e tendo começado já a preparar o futuro, Luís Zagalo assegura que é tempo de se reunirem esforços para que, num projeto a médio prazo, se possa fazer nascer uma nova sede para a Academia Música de Elvas, pensada especificamente para esse efeito.
A verdade é que a Academia de Música de Elvas é uma realidade desde 1988, um projeto iniciado pelas mãos de pessoas como Maria José Rijo e Maria Amélia Dias e o apoio de figuras como o comendador Rui Nabeiro. Ao longo da sua história, chegou a conhecer diversas moradas, tendo sido, inclusive, deslocada para a antiga Casa do Povo de Varche.
Hoje em dia, a oferta (que inclui a iniciação, ao nível do primeiro ciclo, cursos básicos de segundo e terceiro ciclos, curso secundário e diversos cursos livres) é bem maior que aquela que, inicialmente, era disponibilizada aos alunos, sendo que os professores oriundos de Espanha foram ganhando destaque, aos longos dos anos, entre o corpo docente: agora composto por tantos docentes portugueses quanto vindos do outro lado da fronteira.
Estes são apenas excertos de uma grande reportagem, realizada na Academia de Música de Elvas, que conta, quer com as participações dos professores Luís Zagalo, Nuno Roque e Natali Plazibat Klatev, bem como de vários alunos de primeiro ciclo, ensino básico e secundário, que nesta escola têm aprendido a tocar um instrumento musical e nela encontraram uma segunda família. Tudo para ouvir no podcast abaixo: