Classificação do Megalitismo Alentejano em Diário da República

O Diário da República da passada sexta-feira, dia 25, publicou, por proposta da Direção Regional de Cultura do Alentejo, a abertura do procedimento de classificação do Megalitismo Alentejano, num conjunto que totaliza 2049 monumentos.

O processo de classificação foi desencadeado em outubro de 2020 pela diretora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, que requereu, junto da Direção-Geral do Património Cultural e do Conselho Nacional de Cultura, a classificação urgente e excecional de todo o conjunto do património megalítico da região do Alentejo como conjunto de interesse nacional.

A preparação do processo de abertura da classificação contou com a colaboração científica da equipa coordenada pelos professores Ana Catarina Sousa e Victor Gonçalves, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que sustentaram técnica e cientificamente a proposta de classificação deste conjunto de valor incalculável, em Portugal e no mundo.

A urgência da salvaguarda deste conjunto surge perante as várias destruições de património arqueológico resultantes do modelo de agricultura super intensiva que tem vindo a ser implementado no Alentejo, numa situação dramática e de crescente e sistemático desaparecimento da sua paisagem cultural. O conjunto em classificação do Megalitismo Alentejano, inédito na sua dimensão, totaliza 2049 monumentos, alguns dos quais em mais do que um concelho, correspondendo à área de maior concentração de monumentos megalíticos da Península Ibérica e uma das mais relevantes à escala europeia.

O Megalitismo corresponde ao fenómeno identitário de maior projeção na história das primeiras sociedades camponesas no Alentejo, dada a sua monumentalidade, conceção arquitetónica, relação com a paisagem e com o cosmos, e ainda pelo investimento socioeconómico que para aquelas comunidades pré-históricas, terá significado a sua construção. As antas e os menires representam um dos únicos vestígios pré-históricos que permaneceram visíveis à superfície, tendo constituído, junto das populações, um referencial identitário na paisagem durante quase seis mil anos até aos nossos dias.