União de municípios uma questão para o futuro

A votação favorável à fusão entre os dois municípios da vizinha Estremadura, Don Benito e Villanueva de la Serena, abriu uma discussão em toda a Espanha sobre as vantagens da unificação     de concelhos. Já houve casos de pequenos municípios, sobretudo na Galiza que experimentaram este tipo de gestão autárquica, mas neste caso devido ao tamanho dos concelhos, a importância é outra.

A nova cidade transforma-se na terceira maior da região autónoma, com mais de 62 mil habitantes, Don Benito tem 37.151 habitantes e Villanueva 25.667, embora em área o primeiro tenha uma área consideravelmente superior 562 km2 contra 152 km2 de Villanueva. Não é por isso uma absorção.

Em Portugal, a questão não é sequer pensada quanto mais estudada, depois da traumática experiência no período da troika, com a união forçada de muitas freguesias.
Mas, o que levou dois municípios vizinhos e… rivais sobretudo pelo futebol, a concordar na união ?
Há um estudo da “Universidade da Extremadura” que junta alguns argumentos fortes para se promover esta união de duas cidades de tamanho parecido.
O estudo aponta para sinergias nas despesas municipais, ao nível da limpeza, distribuição de água e manutenção do património. Os presidentes de câmara fizeram campanha prometendo mais valências no hospital e a favor da criação de uma universidade, para além de melhores condições para a fixação de investimento. Tal como nas empresas, a redução de quadros também deverá estar em cima da mesa, mais tarde… culminando com o próprio lugar do presidente que será um, no novo município, quando agora há dois.
Não menos importante é a denominação da nova cidade que esteve fora da campanha do referendo para não criar anticorpos. Vai ser escolhida nas próximas semanas, sendo um assunto extremamente sensível.
Na nossa região, modelo poderia ser copiado, há vários casos suscetíveis de réplica, embora hoje esta conversa esteja antes de tempo. Resta esperar que o laboratório da vida real desta união de concelhos estremenhos se confirme numa boa prática e possa ser repetida.
António Ferreira Góis