“Cápsula do Tempo”, uma produção da associação cultural eborense Colecção B, que desenvolve uma programação regular de artes performativas, estreia na noite deste sábado, 15 de janeiro, no Teatro Garcia de Resende, em Évora.
Este é um espetáculo único, “com uma componente muito performativa”, até porque “só pode acontecer uma vez”, começa por dizer a diretora artística e programadora da Coleção B, Vanda Ricardo Rodrigues, assegurando que a companhia esteve a trabalhar três meses para um único dia de apresentação.
A apresentação desta “Cápsula do Tempo” resulta da escolha e do debate sobre diversos objetos, recolhidos ao longo desses três meses, “que representam o grupo de artistas e comunidade que está a fazer parte do processo”. Esses objetos serão fechados numa “Cápsula do Tempo” e posteriormente desenterrados, em 2047, para a segunda sessão desta performance.
“Daqui a 25 anos, vamos abrir a cápsula e confrontarmo-nos com as nossas escolhas, com o que é que mudou, o que não mudou, com o que achávamos que ia ser”, dando um “caráter reflexivo” a esta produção, adianta Vanda Ricardo Rodrigues. Em 2047, quando for aberta a cápsula, os atores e a comunidade que participarem na segunda parte deste espetáculo poderão ter acesso a vídeos dos participantes de 2022, bem como ao texto de encerramento da primeira parte da peça, “que será escrito, este sábado, em cima do palco”.
O grupo que participa na performance é composto por atores e eborenses, sendo que o processo de escolha dos objetos “foi longo e complexo”, uma vez que “cada pessoa que participou no projeto escolheu cinco objetos e depois foram passando por processos, numa tentativa de horizontalidade, de escolha”. Esta escolha dos objetos prende-se com a procura de uma representação da realidade, dos dias de hoje, figurando todos os participantes em palco, refletindo questões que se tornam cada vez mais pessoais e íntimas, não esquecendo a vertente imparcial e ética do projeto. O espetáculo só termina com a unanimidade da escolha dos objetos e a deslocação ao exterior do teatro onde a cápsula será enterrada.
O texto construído para esta apresentação “vai expondo o processo destes três meses, as discussões, os argumentos, sobre o porquê de certas coisas puderem ir para a cápsula”, revela a também atriz, acrescentando que, “mais do que o interesse de quais são os objetos, é saber quais são as questões que eles levantam”, para terem sido escolhidos e votados pelo público.
A programadora confessa ainda que a Covid-19 tem afetado muito o setor da cultura, de diversas formas. No entanto, a principal preocupação prende-se com o facto de os artistas “passarem imenso tempo a preparar algo que, a qualquer momento, pode não acontecer”, devido às restrições impostas pela pandemia. Este é também um tema e uma preocupação que será retratado na “Cápsula do Tempo”.
Os bilhetes para se puder assistir ao espetáculo podem ser adquiridos na bilheteira online, em www.bol.pt, através do email da Coleção B, prodcolb@gmail.com, ou nos locais habituais, como o Teatro Garcia de Resende. No seguimento das medidas anunciadas pelo Governo, será exigida a apresentação de um dos seguintes documentos para acesso a eventos culturais: certificado de vacinação, um teste negativo à Covid-19 ou certificado de recuperação.