Os dados do INE sobre os censos já tinham dado o alerta vermelho sobre o concelho de Elvas que entre 2011 e 2021 perdeu 10.2% da população 2.345, repito dois mil trezentos e quarenta e cinco habitantes.
No segmento com mais de 65 anos, Elvas teve apenas uma redução de 45 pessoas, enquanto no segmento dos 15 aos 64 anos perdeu 1621 habitantes. E continua a perder, pois os jovens emigram para estudar e trabalhar e já não regressam.
Se o problema é nacional, já que Portugal é o terceiro País do Mundo mais envelhecido com 23.4% da população com mais de 65 anos, atrás do Japão (28.4%) e Itália (muito perto com 23.5%), a nível local, Elvas precisa de
menos betão e focar-se em criar condições para haver emprego (privado) e dar condições aos casais jovens com habitação a preços acessíveis (há demasiadas habitações devolutas e degradadas no centro histórico), creches e infantários a preços reduzidos para incentivar a fixação dos jovens e deixar de se concentrar nos apoios “tipo rendimento mínimo e portarias” que devem ser pontuais e cirúrgicos.
Com o aumento previsível do segmento acima dos 65 anos, as estruturas de apoio vão escassear, obrigando a criar novas e com modelos mais inclusivos e criativos, para além dos lares de idosos do modelo clássico, pensando em residências seniores onde o convívio e as atividades cognitivas são estimuladas.
A agenda para os próximos 10 anos é diferente, sob pena de Elvas ficar cada vez com menos habitantes.
António Ferreira Góis
Diretor da Rádio ELVAS