Já se passaram mais de dez anos desde que Raquel Shakti decidiu alterar, por completo, a sua alimentação. Tornou-se vegetariana, mesmo tendo crescido no seio de uma família tradicional portuguesa, onde carne e peixe nunca faltaram à mesa, às refeições.
Depois de diagnosticada com pedras nos rins, descobriu que a causa dessa patologia estaria nas carnes vermelhas e no marisco, e no ácido úrico que contêm. Foi aí que se deu o ponto de viragem na sua rotina alimentar, por mais que confesse que, desde pequena, nunca teve vontade de comer produtos de origem animal. “Comecei por excluir alguns alimentos e depois também viajei para a Índia, onde maioritariamente as pessoas são vegetarianas e não têm nenhuma carência, a nível de nutrientes. São pessoas saudáveis”, garante.
Se há quem pense que o vegetarianismo é uma moda, iniciada há meia dúzia de anos, Raquel Shakti desmistifica, assegurando que já antes de Cristo se falava de uma dieta à base de vegetais: “Pitágoras, Buda já nos falavam de uma dieta vegetariana”. No século XV, acrescenta, houve “um crescimento gigante do movimento do vegetarianismo”.
Raquel Shakti diz “não ser normal”, atualmente, “estarmos a comer carne ou outra substância animal tantas vezes ao dia, dependendo do sítio onde estamos a morar, porque o sítio diz-nos sempre quais são os nutrientes, as vitaminas e os alimentos que nós precisamos”. “É estar atento a isso”, alerta.
Um dos exemplos que esta vegetariana dá é o da bolota: “já ninguém come bolota, mas a bolota é um alimento rico em nutrientes, que são tão benéficos que os nossos antepassados comiam, mas que hoje é uma prática que está completamente associada ao ser pobre e não ter mais nada para comer”.
Mais longe que os vegetarianos, vão os veganos, porque mais que não consumir alimentos de origem animal, os veganos, explica Raquel Shakti, têm todo um outro estilo de vida, comparando com o cidadão comum. “Mais que uma dieta, o veganismo é um estilo de vida e que tem por objetivo não usar qualquer alimento ou produto de origem animal, ou seja, tanto na alimentação, incluindo os seus derivados, como ovos, laticínios, mel, mas também no vestuário, calçado, produtos testados”. Um vegano também não frequenta um jardim zoológico ou assiste a um espetáculo circense.
Ser vegano, diz ainda, é um “ato, uma prática de ativismo político”. Já o vegetariano pode comer, para além de produtos de origem vegetal, como grão, verduras e fruta, também mel, leite, queijo ou ovos. “Os veganos, não só não consomem nenhum produto animal, como também não vão utilizar a sua pele, a sua lã”, acrescenta.
Foi para colocar um ponto final na exploração animal, revela Raquel Shakti, que o veganismo apareceu. Contudo, não esconde que ser vegano é uma tarefa complicada, uma vez os produtos de origem animal “estão em todo o lado”.
O Dia Mundial do Veganismo celebra-se hoje, 1 de novembro. O objetivo deste dia é, sobretudo, tentar chamar a atenção da população para a exploração e para o abuso dos animais, lembrando a importância de outros alimentos na alimentação diária.