Um jovem de 19 anos sofreu ferimentos graves, na noite de terça para quarta-feira, tendo recebido assistência no Hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre.
Após avaliação por parte dos profissionais de saúde, foi decidido que o jovem teria que ser transferido para Lisboa, onde iria receber cuidados mais especializados a nível de cirurgia de reconstrução, uma vez que sofreu cortes graves num dos membros superiores.
A mãe do jovem refere que “todos os bombeiros recusaram fazer o serviço. Não cheguei a perceber porquê, se não tinham bombeiros ou não tinham ambulâncias. O desespero já era tanto, que liguei para o INEM a perguntar o que havia de fazer. Do INEM, disseram-me que tinha de ser o hospital a ligar para eles. Voltei para dentro do hospital, disse isso na receção e, quando ligaram, foi acionado o helicóptero do INEM. O helicóptero chegou a aterrar no campo de futebol. Duas ambulâncias dos bombeiros de Portalegre transportaram o meu filho e um outro jovem, com ferimentos num olho, até ao campo de futebol, mas o nevoeiro era tão intenso que o helicóptero não chegou a levantar voo”.
Após esta situação com o helicóptero do INEM, o jovem regressou ao hospital. “Passou mais de uma hora, exaltei-me com a médica e nenhuma corporação fazia o transporte dele. Às tantas, lá apareceu os bombeiros de Arronches que fizeram o transporte”, adianta.
Visivelmente transtornada com a situação, a mãe do jovem apenas quer “perceber o que aconteceu. Como é que não haviam ambulâncias para fazer o transporte para Lisboa e para o campo de futebol já apareceram duas”, questiona-se.
A mãe do jovem refere que o transporte tardio levou a que o filho perdesse já “o dedo de uma mão. E ainda não sabemos se fica por aqui. Eu não posso estar calada. Eu sou uma mãe desesperada, mas que também pensa nos outros, porque amanhã pode acontecer com outras pessoas. Só quero uma resposta”.
ULSNA seguiu todos os trâmites
Contactada, pela Rádio ELVAS, a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), através do seu porta-voz, Ilídio Pinto Cardoso, garante que “foram seguidas todas as normas legais”, tendo o jovem sido transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, pela ambulância do INEM.
“Evacuação correu, à partida, os trâmites normais”, garante Manuel Marçal Lopes
Manuel Marçal Lopes (na foto), presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Portalegre, considera que “a evacuação correu, à partida, nos trâmites normais. Terá iniciado por uma evacuação simples. Terá havido aqui qualquer aspeto administrativo, um não reconhecimento do sistema ou o não reconhecimento de urgência de forma imediata porque, numa primeira fase, foram contactadas alguns corpos de bombeiros para fazer uma evacuação. Numa evacuação, não sendo prevista, os corpos de bombeiros podem, ou não ter disponibilidade para a fazer porque há corpos de bombeiros que àquela hora da noite só têm INEM”.
“Entretanto, terá ocorrido a situação de emergência. A partir do momento em que é acionado o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) o socorro funciona. Nós ao nível do distrito de Portalegre temos 15 corporações de bombeiros e mais umas ambulâncias SIV. Na primeira análise, foi equacionada a evacuação para Lisboa de helicóptero, mas o tempo não o permitiu. A partir daí, iniciou-se o recrutamento de uma ambulância de emergência, que faz parte do SIEM. Portalegre estava a fazer uma evacuação para Évora, Ponte de Sor para Lisboa e acionou-se Arronches, que era quem estava mais perto. E fez-se a evacuação”.