Ainda que desde 2014, o abandono animal seja considerado crime, a verdade é que, durante o verão, este flagelo aumenta sempre, com cães e gatos, sobretudo, a serem deixados na rua, para que, entre outras situações, os tutores possam ir de férias.
O abandono piorou com a pandemia e com a crise, mas a chegada do verão também não ajuda. Lembrando que há muitas maneiras de contornar o abandono, que a própria esterilização “é essencial” e que um “animal é para a vida”, a médica veterinária municipal de Campo Maior, Maria Toscano, revela que, no caso do Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) da vila, quem lá adota um animal e, posteriormente, o tenta devolver, fica impossibilitado, durante um certo período, de o voltar a fazer.
“Muitas vezes a pessoa não esteriliza, porque acha caro, mas sai muito mais caro abandonar: para quem abandona, porque é crime; e para qualquer serviço, porque isso gera uma sobrelotação tremenda”, garante a veterinária, que lembra que, na região (em Elvas, Portalegre e Fronteira), há várias opções de hotéis privados caninos, onde os animais podem ser deixados, para que os donos possam ir de férias.
Apelando para que as pessoas adotem e não comprem, Maria Toscano revela que, a nível nacional, são adotados apenas um quarto dos animais que são recolhidos. “Temos animais durante anos nos canis, e por muito bem cuidados que sejam, estão num ambiente confinado”, garante a médica, que recorda que, não só em Campo Maior, mas como em qualquer canil do país, há animais que “abrangem qualquer interesse de qualquer tipo de família”.
Considerando ainda que quem não tem as condições necessárias, “é preferível não ter animais”, a veterinária lembra que a taxa de abandono, sobretudo nesta época de verão, é sempre “altíssima”.
Todos os anos, em Portugal, são abandonados, em média, mais de 40 mil animais de companhia.