
O auditório da Escola Básica 2,3 nº 1 de Elvas, o chamado Ciclo de Santa Luzia, acolhe a exposição “Renascer dos Cacos”, da CERCI Estremoz. Inaugurada na semana passada, a mostra de pintura, com desenhos em pedaços de mosaicos, realizada por utentes daquela instituição, pretende valorizar, por um lado, a criatividade, e, por outro, a inclusão.
Esta exposição resulta de um trabalho levado a cabo após o regresso dos utentes à instituição, depois do confinamento obrigatório por altura da pandemia, em 2020, começa por recordar a responsável pela iniciativa, a psicomotricista da CERCI Estremoz, Luísa Carraça.
Nessa altura, e no decorrer de trabalhos de limpeza da quinta onde se localiza a sede da CERCI Estremoz, foi encontrado um “amontoado de cacos, de mosaicos, de boa qualidade”. “Começámos a limpá-los e a colori-los para fazer uns canteiros. Contudo, o nosso utente Jorge Humberto pegou num fragmento e desenhou um lindo boneco, que eu achei muito interessante. E foi a partir daí que lancei o desafio para todos eles tratarem do seu caquinho e fazerem um desenho. E surgiram 200 e muitos caquinhos muito interessantes”, adianta a psicomotricista.
Em cada peça produzida, garante Luísa Carraça, vê-se a “superação” dos utentes, com diferentes tipos de deficiência, “porque eles são alvo de muito preconceito e de uma baixa autoestima”.
Mas até chegar ao Ciclo de Santa Luzia, esta exposição passou já por outros dois locais: no verão de 2021 esteve no Museu Municipal de Estremoz e durante alguns meses deste ano de 2025, os trabalhos estiveram na Torre de Menagem do Redondo, onde a professora Cláudia Santos, responsável pelo plano cultural do Agrupamento de Escolas de Santa Luzia, conheceu a arte dos utentes.
“Espero que muitas pessoas de Elvas venham visitar a exposição, porque eu emocionei-me muito quando a vi, a primeira vez, no Redondo. Tive mesmo de trazer estes trabalhos e esta mensagem de inclusão, de não olharmos para os outros discriminando-os, porque não sabemos quem são”, diz a professora Cláudia Santos.