
Está em marcha uma iniciativa inédita em Portugal: um grupo independente de artesãos e artesãs uniu-se para criar o Manifesto pelo Futuro do Artesanato, um documento coletivo e participativo, construído a partir das vozes de quem vive o saber fazer no dia a dia.
“A iniciativa surgiu de um grupo de artesãos e teve como primeiro objetivo entender o estado de saúde do setor, a partir dos seus verdadeiros protagonistas, que no fundo são os artesãos”, começa por revelar Célia Macedo, oleira em Montemor-o-Novo e uma das mentoras do projeto.
Num processo “totalmente participativo e aberto”, a iniciativa é levada a cabo através de um questionário online, que está a ser preenchido pelos artesãos. Disponível (aqui) até sábado, 19 de julho, este inquérito conta já com mais de 220 participações de todo o país.
“Nós estamos aqui numa altura em que se está constantemente a falar da revitalização do artesanato e da relevância nos dias de hoje e o que nós queríamos era que, através deste manifesto sobre o artesanato, pudéssemos ter nós, artesãos, uma voz ativa também nesta conversa que muitas vezes acaba por deixar os artesãos um bocadinho à margem”, explica a responsável.
Este manifesto pretende ser “uma ferramenta de visibilidade, de valorização e de identificação, feita não por quem observa o setor, mas por quem o conhece”. A expectativa é que o trabalho desenvolvido possa a vir a ter “um impacto positivo no futuro do artesanato em Portugal e na sua salvaguarda”.
Todo e qualquer benefício que possa surgir na sequência deste manifesto será para “todos os artesãos”. “No fundo, é trabalhar para assumir o artesanato como um setor económico e cultural de relevância”, sublinha Célia Macedo.
“Eu sou uma artesã de Montemor, sei que Montemor tem muitos artesãos e já tivemos algumas participações – ainda bem -, mas queria muito ter o máximo de testemunhos daqui da nossa região. Não só de Montemor, mas de todo Alentejo. Neste momento, a maior percentagem de respostas vem de Lisboa e Vale do Tejo, o que é muito bom e sei que existem muitos artesãos nessa zona, mas eu sei, e todos sabemos, que o Alentejo tem muito artesanato. Era importante termos essas vozes também neste processo”, remata a artesã.
A versão final do manifesto será publicada no Dia do Artista, a 24 de agosto.