Com vista a esclarecer dúvidas e a dar a conhecer os novos regulamentos para o setor HORECA – que abrange Hotelaria, Restauração, Cafetaria e Catering – no que toca à separação de biorresíduos e à prevenção do desperdício alimentar, a Câmara Municipal de Elvas promoveu esta quarta-feira, 21 de fevereiro, o primeiro de dois workshops no Auditório São Mateus.
Desde o início do ano que os municípios estão obrigados a efetuar uma recolha seletiva de biorresíduos e os estabelecimentos de restauração proibidos de descartar alimentos que ainda possam ser consumidos, sempre que existam formas seguras de escoamento.
Em todo o país, começam a “proliferar projetos de compostagem e de recolha seletiva de biorresíduos”, de acordo com a bióloga especialista em riscos ambientais e responsável por estes workshops, Carolina Bianchi, que lembra que a nova legislação segue as normas já implementadas “em muitos outros países da União Europeia”.
A recolha pode ser feita “de porta a porta, nos grandes produtores e também nas residências”, sendo necessário, posteriormente, proceder a uma compostagem doméstica ou comunitária.
“Entre 30 a 50 por cento”, revela Carolina Bianchi, de todo o lixo produzido em casa, pode ser compostado. “Isto vai depender, obviamente, dos agregados familiares e da quantidade de produtos embalados que consomem, mas quase metade dos nossos resíduos são resíduos compostáveis. Quando falamos de compostagem industrial, como aquela que vai ser feita, por exemplo, pela hotelaria, podemos pensar que 50 por cento de todo o lixo que é produzido é biodegradável”, acrescenta.
Para que um composto seja feito da forma correta, de acordo com a legislação, adianta a bióloga, “o resíduo tem, desde a fonte, isto é, desde a cozinha, de estar separado do outro tipo de resíduos e este é o maior desafio”.
Em Elvas, diz ainda a responsável, está a ser preparado um “projeto forte”, até porque, depois destes workshops com a restauração e hotelaria, seguem-se sessões destinadas à população das freguesias e até às crianças das escolas.
No que toca à recolha dos biorresíduos, no concelho, Carolina Bianchi explica que pode ser feita de duas formas diferentes: “os responsáveis pela recolha de biorresíduos podem colocar contentores castanhos na rua ou pode mesmo ser feita uma recolha porta a porta, em que as pessoas colocam um balde castanho à porta de casa”. Em todo o país, em freguesias do mesmo município, têm sido implementadas diferentes estratégias, devido “à densidade populacional, à faixa etária das pessoas que ali residem, o tipo de habitação”. “O que deve ser assegurado é a maior eficácia”, remata Carolina Bianchi.
O novo Regime Geral de Gestão de Resíduos tem como prioridades a prevenção do desperdício alimentar, a separação na fonte geradora (as cozinhas, no caso do setor da restauração e hotelaria) e proibição de contacto de biorresíduos separados na origem com sacos plásticos ou outros contentores potencialmente contaminantes.
Biorresíduos são os resíduos biodegradáveis de jardins e parques, resíduos alimentares das cozinhas de habitações, escritórios, restaurantes, grossistas, cantinas, unidades de catering e retalho, e os resíduos similares das unidades de transformação de alimentos.
O segundo workshop, dedicado aos empresários da hotelaria e restauração de Elvas, está marcado para amanhã, às 16 horas, no Auditório São Mateus.