José Eduardo Gonçalves, membro da nova Comissão Administrativa (CA) de “O Elvas” Clube Alentejano de Desportos, enviou, à nossa redação uma nota sobre os motivos que o levaram a fazer parte desta Comissão, o que encontrou no clube e também o que pretende para os próximos tempos.

Com o note “O Elvas” do meu coração”, José Eduardo Gonçalves começa por dizer que “regressar ao meu clube, se bem que temporariamente, depois de o ter deixado há dez anos atrás, após um período ininterrupto de 30 anos, foi algo que nunca me passou pela cabeça. Estava muito longe de pensar que algum dia voltaria ao meu “O Elvas”.

José Eduardo Gonçalves, nesta nota explica ainda o que o fez regressar. “A minha grande preocupação e amor a este emblema azul e oiro, o me ter apercebido do perigo e risco que podíamos correr com estes eventuais futuros investidores, (Família Marques), que não foram mais do que grandes amigos de “O Elvas”, que sem grandes cuidados e preocupações, ofereceram ao Clube durante um ano cerca de 110 mil euros, mas que infelizmente de pouco ou nada serviram, como mais à frente vou referir, pois houve uma desastrosa e desorganizada gestão da direção cessante e sobretudo porque me apercebi que o Clube atravessava uma gravíssima crise financeira, com dívidas ao Estado, aos Funcionários, aos Atletas, aos Fornecedores, à FPF, à AFP, com promessas sem compromissos, com acordos não cumpridos a todos os níveis e com uma organização e gestão administrativa de total descontrole”.

O que me fez pertencer a uma Comissão Administrativa?

“Em primeiro lugar o convite honroso do Sr. Comendador nesta hora de aflição, em que aparece sempre com soluções amigas de “O Elvas”, que são difíceis de recusar. Como motivo principal, sem dúvida os meus colegas, que fazem parte desta CA e que aceitaram comigo, esta tarefa árdua, dura e penosa”.

“Se não fossem eles, nunca teria aceitado. Obrigado Cau, Luís, João, Bruno e Tótó. Muitos não os conhecia como dirigentes desportivos, outros conhecia melhor. Foi uma grata surpresa poder trabalhar com esta equipa tão coesa e empenhada no bem e no desenvolvimento do Clube. Somos todos presidentes e todos diretores. Aqui somos todos iguais e mandámos todos com a mesma importância. Apenas o mais velho é o Tesoureiro, aquele que pelos Estatutos do clube, a sua assinatura é sempre obrigatória e sem ela nada vale. Também me fez pertencer a esta CA, os dois objetivos para o qual fomos eleitos:

– em primeiro lugar deixar o Clube mais organizado, mais profissional, melhor estruturado e melhor preparado financeiramente. Claro que com a situação atual, será impossível deixar o Clube sem dívidas, mas de certeza que o deixaremos sempre organizado, para que se saiba a qualquer hora a sua realidade financeira e o deixaremos preparado para o futuro, para que “O Elvas” possa, tal qual como aconteceu nos seus últimos 75 anos, ter sempre a sua imagem de respeito, de consideração, de dignidade e de prestígio.

– em segundo lugar, concretizarmos a constituição de uma SAD, única forma que o clube e a cidade de Elvas têm de ter futebol a nível nacional, a pouco e pouco, passo a passo, prepararmos esta SAD para um nível futebolístico a que este clube já andou. Continuará igual o nosso “O Elvas” CAD, mas agora apenas dedicado ao futebol de formação. O futebol juvenil, continuará a ser o espelho deste clube e a formação destes jovens de Elvas e da região, será feita através do desporto e dos seus princípios educacionais e morais, de união, de solidariedade, de amizade e de aprenderem que a vida não é só feita de vitórias, é também de derrotas, mas temos que saber perder de cara levantada, com dignidade, com respeito pelo próximo, com civismo e acima de tudo com educação”.

O que penso que Aconteceu?

“Antes de continuar, quero deixar uma palavra ao Paulo Canhão. Por aquilo que já passei neste clube durante uma vida inteira, tenho o máximo respeito e consideração por todos aqueles que ao longo destes últimos 75 anos, de uma forma desinteressada e por amor à camisola, sacrificaram as suas vidas pessoais, profissionais e familiares, para trabalharem em prol do nosso “O Elvas”.

O Paulo Canhão não é exceção. Mas Paulo, deixares o clube nesta situação, em que todos os dias aparecem situações novas e desconhecidas, infelizmente pelos piores motivos, é algo inexplicável, inacreditável e intolerável. Penso mesmo, que nem mesmo tu sabes como deixastes o Clube. Verdadeiramente Catastrófico, Caótico e Desastroso”.

O nosso Conselho Fiscal e o nosso Gabinete de Contabilidade têm estado agora a ter informação que não tinham, de muitas coisas que desconheciam e têm estado a fazer um esforço heróico e louvável para porem esses elementos novos nas contas.

Nestes últimos 15 dias, como encontrámos o Clube?

“Desde a nossa Tomada de posse, no dia 28/04:

– Dívidas à AT – Finanças

– Dívidas à SS – Segurança Social

– Conta Bancária Penhorada – pela AT

– Inibido de passar cheques, por ter havido cheques sem cobertura.

– Eletricidade Sede – Cortada no dia 28/04

– Penhora do Autocarro Pequeno – pela SGS – empresa de segurança jogos Campeonato Nacional

2021/2022.

– Autocarro Grande sem poder andar – falta pagamento seguro

– Carrinhas – andam a circular, por favor, pois não se pagaram os respetivos seguros.

– Dívida à AFP – parte negociada em prestações não cumpridas, parte sem acordo.

– Dívida à FPF – Multas época 2021/2022, com agravamento de 50% por falta de pagamento.

Acordo prestações, não cumprido. Não podemos inscrever jogadores.

– Dívida à FPF – Conta Corrente – estávamos em dívida, por falta de envio recibos.

– Dívida à FPF – Totonegócio – não existe conta corrente. A que menos nos preocupa. Longo

prazo. Verba significativa, não entrou no saldo, por não enviarmos recibo.

– Fornecedores – todos os dias aparecem contas novas, de dívidas não contabilizadas.

– Funcionários – muitos, não há comprovativos de dívida, nem contabilísticos.

– Atletas/Treinadores – muitos não se sabe o que se deve, por pagamentos efectuados directamente por sócios, sem comprovativos e sem passar por conta bancária.

– Atletas Profissionais – situação não regularizada, contas por acertar”.

“Termino com uma palavra de esperança e alegria, por estarmos todos desta CA na firma disposição de colaborar, trabalhar, ajudar e de decidir da melhor forma que soubermos para bem do nosso “O Elvas”. Uma palavra final de agradecimento aos sócios e simpatizantes deste clube, que nos têm apoiado e incentivado a prosseguir este trabalho e finalmente aos nossos sempre amigos empresários, que nesta hora tão difícil para todos, nos vão ajudar financeiramente com ajudas de donativos, ou seja como ofertas ao clube.

“Acreditem, este clube vai ser diferente no final de julho de 2023”, garante ainda José Eduardo Gonçalves.