Campo Maior: professores contestam “trabalhos forçados” e serviços mínimos

A luta dos professores continua e, na manhã desta sexta-feira, 3 de março, em Campo Maior, foram muitos os docentes e educadores de infância que se concentraram, junto ao Centro Escolar Comendador Rui Nabeiro, para se manifestar, entre outros, contra a imposição de “trabalhos forçados” e os serviços mínimos decretados.

Os sindicatos, como é o caso do Sindicato dos Professores da Zona Sul, revela o dirigente e professor Pedro Reis, e apesar dos “pequenos avanços”, não aceitam as propostas do Ministério da Educação, relativamente ao modelo de recrutamento, que ainda incluem “muitos aspetos negativos”. “Ainda não temos condições para poder aceitar, não estando nenhum acordo à vista, por isso mesmo nós continuamos a fazer estes protestos simbólicos”, assegura.

Sendo hoje dia da greve de professores e educadores do distrito de Leiria até ao sul, foram “muitos” os profissionais, em Campo Maior, que se quiseram associar a esta manifestação, mas que “depois tiveram de ir cumprir os serviços mínimos obrigatórios”. Pedro Reis garante que, em dias de greve, muitos professores não asseguram serviços mínimos, mas sim “serviços máximos”: “nós temos colegas que tinham quatro tempos de aulas, durante a manhã. São obrigados a cumprir três, ou seja, ficam apenas com direito a fazer uma hora de greve”.

Esta manhã, revela ainda o professor, foram muitos os pais que se mostraram solidários com os docentes, que, inclusive, decidiram nem sequer “enviar os filhos à escola”.

A manifestação de hoje aconteceu ainda por um direito “fundamental constitucional, que não deve ser beliscado”: “o direito ao protesto em liberdade, que infelizmente hoje não está a acontecer, nesta situação”. “Muitos dos professores hoje estão impedidos de fazer greve, o que é grave”, acrescenta.

Para que se tenha uma escola pública “de qualidade, inclusiva, para todos”, através da qual se possa “criar um futuro mais digno” para os mais novos, que é por isso que os professores “se movem”, é que preciso que os docentes tenham as devidas “condições”.

Pedro Reis, lembrando a forma como está a ser feita a contagem dos anos de serviço dos professores, questiona-se ainda de que forma é que, em sala de aula, os docentes vão explicar aos alunos que “seis anos, mais seis meses e 23 dias é igual a zero”. “É isto que está acontecer, em termos de contagem de tempo de serviço, para os professores. Isto é uma exigência fundamental, é uma daquelas linhas vermelhas que se não for superada não podemos entrar em qualquer possibilidade de acordo”, remata.