As farmácias portuguesas estão com roturas em várias centenas de medicamentos, sobretudo para hipertensão e diabetes.
Filipe Martins, farmacêutico na Farmácia Moutta, em Elvas, explica que também neste estabelecimento “se verifica a falta de medicação, já há alguns meses. Medicamentos como o Ozempic, indicado para a diabetes, estão cada vez mais em falta porque a prescrição tem aumentado bastante, uma vez que, além da prescrição terapêutica para que é recomendado, tem sido utilizado também para o emagrecimento”.
Apesar de serem medicamentos comparticipados e sujeitos a receita médica, “há pessoas que, mesmo não sendo diabéticas, conseguem essa receita. Os diabéticos têm de encontrar algumas alternativas e encontram-se em lista de espera para adquirir o produto”.
“Ainda há stock de paracetamol, mas não sabemos o futuro”
Há farmácias a reportar falta de paracetamol, devido ao aumento das infecões respiratórias. Na farmácia Moutta, “ainda há stock existente, mas não sabemos como vai ser o futuro. Quanto ao Inderal, medicamento utilizado para controlar a hipertensão, a solução tem passado pela aquisição do genérico vindo de Espanha”.
“Falta de insulina já é antiga”, garante diretora técnica da farmácia Lux
Também na Farmácia Lux, em Elvas, a falta de insulina tem gerado alguma preocupação. No entanto, Maria do Céu Fernandes, diretora técnica da farmácia, explica que “esta situação já é antiga, agora está é agravado, bem como os antiarrítmicos. São medicamentos que têm muitas pessoas a tomar e muitos deles têm um valor muito baixo de comércio, o que não quer dizer que seja essa a causa para a falta”.
Em alguns casos, a solução passa pela mudança de medicação ou pela procura em Espanha. No entanto, “também já há medicamentos esgotados em Espanha”.
“Insulina existente no mercado não dá para todos”
Por parte dos laboratórios, a falta de medicamentos é justificada “com os atrasos na importação da matéria-prima, devido à guerra da Ucrânia”. Maria do Céu Fernandes garante que o principal motivo para a falta de insulina no mercado prende-se com “a sua utilização no processo de emagrecimento. Depois temos de ver que os direitos de importação de um país são limitados. Se as embalagens são escoadas para pessoas que não são diabéticas, depois não há para as diabéticas”.
A diretora técnica considera que “há alguma falta de informação. Os médicos são informados que sai a insulina e que tem aquele efeito secundário que é bom, mas não são informados que a quantidade existente no mercado não dá para todos”.
Medicamentos destinados ao tratamento da diabetes e da hipertensão, como o Inderal e o Ozempic, estão em falta nas farmácias portuguesas. A procura em Espanha ou a mudança de medicação são as soluções encontradas.