O projeto idealizado pela professora bibliotecária Teresa Guerreiro (na imagem), para a constituição de “Dois Polos de Cultura e Inovação na Escola Básica de Vila Boim”, foi um de dois vencedores do Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Elvas, que, passado um ano, nunca chegou a ser implementado (ver mais aqui).
O objetivo deste projeto, explica a docente, era equipar com diversos recursos, quer a biblioteca, quer a sala de convívio da escola, dois espaços que “reúnem todos os alunos”. “Decorrente do próprio processo de requalificação, da qual a biblioteca escolar foi alvo, durante algum tempo, estivemos na sala de convívio e verificámos que, se esta sala estiver munida de uma série de equipamentos e de recursos, poderá ser um espaço muito mais interessante e muito mais útil, quer em termos lúdicos, quer em termos pedagógicos”, revela.
Apesar da requalificação de que a biblioteca já tinha sido alvo, lembra a professora, “a verba não foi suficiente para fazer face a todas as necessidades, porque as coisas são muito caras”. “A verba serviu para muito, foi fundamental e a Câmara teve um papel ativo nessa requalificação, mas não chegou para tudo e temos de continuar sempre a procurar outras formas de financiamento”, acrescenta Teresa Guerreiro.
Os 13 mil euros, em que estava orçamentado este projeto serviriam, entre outros, para dotar a biblioteca da escola de equipamentos informáticos, que “fazem falta”, e a sala de convívio de outro tipo de equipamentos: “poderia haver mais audiovisual, a nível de mobiliário, a nível até do desenvolvimento de uma pequena coleção, quer de livros, quer de filmes, que pudesse estar ao dispor dos miúdos”.
Quando surgiu a informação de que estavam abertas as candidaturas ao Orçamento Participativo da Câmara Municipal, Teresa Guerreira não pensou duas vezes em candidatar este projeto, uma vez que tinha em sua posse toda a documentação necessária, no seguimento de todo o trabalho que já tinha sido feito, em termos de requalificação da biblioteca.
A verdade é que, depois de anunciado, no site da Câmara Municipal, que o seu era um dos projetos vencedores do Orçamento Municipal, Teresa Guerreiro nunca obteve “resposta nenhuma”. “Naturalmente, fiquei muito satisfeita, comuniquei à direção do meu agrupamento que o projeto tinha sido um dos vencedores e ficámos, obviamente, muito satisfeitos e já a pensar o que é que podíamos comprar e a estabelecer prioridades para as que coisas que se pudessem vir a fazer”, assegura.
Apesar de todos os planos já traçados para investir os 13 mil euros, recorda a professora, “infelizmente, nada aconteceu”. “A Câmara não me deu informação nenhuma, o que eu estranhei, de facto. Atribui a ausência de respostas à transição de poder, que é perfeitamente lógico e faz todo o sentido, mas entretanto o tempo foi passando e eu continuei a não ter respostas”, revela.
Numa das últimas reuniões da Assembleia Municipal, e a seu pedido, Rondão Almeida foi questionado sobre esta questão, sendo que, segundo a professora, o presidente da Câmara de Elvas ter-se-á justificado com a transferência de poderes, no seguimento das eleições autárquicas, e com os prazos, relativos aos projetos do Orçamento Participativo, que já tinham sido todos ultrapassados, pelo que os mesmos ficariam “sem efeito”. Isto, depois de Teresa Guerreiro tentar procurar respostas pelas “vias institucionais”, mas sempre sem sucesso.
Já sem qualquer esperança que o projeto para a Escola Básica de Vila Boim possa vir a ser implementado, a docente espera que a Câmara Municipal de Elvas, no futuro, possa “honrar os seus compromissos”, lembrando que a autarquia, enquanto instituição, “deve estar sempre acima de qualquer equipa governativa”. “Se a Câmara não honra os seus compromissos, então temos aqui um problema e isso é grave e acho que o povo elvense se deve pronunciar em relação a isso”, remata.