Os artistas pertencentes à associação elvense Um Coletivo vão deixar a cidade de Elvas. As atividades culturais, às quais habituaram os elvenses nos últimos seis anos, vão deixar de acontecer, uma vez que “a coletividade não encontra, no Município de Elvas, um parceiro à altura das suas necessidades”, segundo Cátia Terrinca (na foto).
“Felizmente, ganhámos um apoio do programa Partis & Art For Change, da Fundação Calouste Gulbenkian, para trabalhar com a escola de Vila Boim e, pelo menos esse projeto, vamos manter. No entanto, vamos ter de procurar outras parcerias para podermos continuar o nosso trabalho, sobretudo de produção e criação. A Um Coletivo, até agora, tem trabalhado em proximidade e com uma relação de confiança com no município, situação que foi cortada este ano. É verdade que recebemos um apoio e que foi cortado, mas não foi o principal motivo que nos levou a tomar esta decisão. As resposta, quando existem, são parcas e fora do calendário que é necessário para trabalharmos com qualidade. É verdade que nós somos uma associação cultural, mas pretendemos continuar a crescer e a evoluir e não podemos trabalhar com quem nos quer retirar qualidade ao trabalho e é isso que, neste momento, está a acontecer”.
A Um Coletivo ruma agora em direção a Portalegre onde, nos próximos dois anos, têm uma sede para trabalhar e diversos parceiros que confiam no trabalho desenvolvido. “Através de uma parceria com o Teatro do Convento, vamos poder trabalhar na criação dos nossos espetáculos e vamos contar com o Teatro Nacional, o Teatro de São Luís, a RTP e a Antena 2 como parceiros, o que revela que acreditam e confiam no nosso trabalho”.
O festival Sobressalto foi o último evento do género desenvolvido pela associação Um Coletivo em Elvas, apesar de continuarem com os projetos financiados, como é o caso do trabalho com a Escola Básica Integrada de Vila Boim.
Sobre este assunto questionámos o presidente da câmara, Rondão Almeida, que afirma desconhecer quais as condições dadas à Associação em Portalegre e quais as que faltaram em Elvas. “Eu desconheço por completo, quais as condições que dão em Portalegre e, quais as condições que lhe faltaram em Elvas, uma vez que aquilo que tenho vindo a dialogar com a responsável pela Associação é que a Câmara continua extremamente aberta para poder analisar e apoiar, dentro das suas condições económicas e financeiras, que temos para todo o movimento associativo”.
O presidente estranha esta tomada decisão da Associação, em deixar a cidade, considerando que possivelmente, esteja relacionada com o “abraçar um projeto diferente”, porque estamos a falar de uma Associação um pouco diferente das outras”.
Rondão fala, por exemplo da AIAR, que “é feita de voluntários e o Um Coletivo tem funcionários e, neste caso, dois colaboradores, que vivem e sobrevivem, em termos económicos, daquilo que é o seu excelente trabalho e, não é por acaso, que têm acordos com a Direção-Geral de Espetáculo e outras instituições públicas, assim como têm contado sempre com a Câmara Municipal de Elvas”.