A Câmara Municipal de Alandroal, preocupada com a possibilidade, a curto prazo, de uma extinção da identidade cultural do concelho e dos seus produtos característicos, está a preparar uma “Academia de Saberes”.
Ainda numa “fase inicial”, revela o presidente, João Grilo, pretende-se que este projeto venha, mais que a prestar apoio aos pequenos produtores, entre outros, de queijos e enchidos, a permitir a conservação desta identidade e a mobilização das novas gerações. “Todos os programas que têm vindo a ser criados, ao longo dos anos, e que têm tido algum sucesso, de apoio aos produtores, diretamente, acabam por não conseguir contrariar esta tendência”, garante.
Pretende-se, assim, criar “uma arca de saberes, que possa ser mobilizada para as novas gerações”. “Já não podemos esperar só que cada um dos produtores encerre o seu saber. Temos de ter um núcleo central, onde esses saberes sejam conservados, preservados, registados e passados a novas gerações”, adianta.
Esta “Academia de Saberes”, revela ainda o autarca, será, na prática, uma “incubadora de empresas de cariz tradicional”, para ajudar a desenvolver pequenos negócios, para que não se percam, tendo em conta a idade avançada dos produtores locais. “Eu quero saber como é que se faz queijo em todos os pequenos locais do Alandroal, quero que esse saber esteja na academia e que possa ser mobilizado para quem queira investir num novo negócio e que sermos nós a ajudar a desenvolver esse negócio”, diz João Grilo.
“Se não fizermos nada, estes negócios de queijos e enchidos vão desaparecer. Em dez anos, com as idades médias que os nossos empresários têm, corremos o risco de ver este saber extinguir-se”, remata o presidente da Câmara.
A aposta da Câmara de Alandroal nesta “Academia de Saberes” inclui-se no investimento que vai ser feito no futuro Viveiro de Empresas, na zona industrial da vila, orçamentado em mais de meio milhão de euros.