A Câmara Municipal de Montemor-o-Novo inaugurou, na sexta-feira, 14 de janeiro, na Galeria Municipal, a exposição “Like a Time Capsule”, de Alexandra Ferreira. Tal como o título sugere, a artista plástica cria nesta mostra uma espécie de Cápsula do Tempo, utilizando vários materiais, mas com predominância do mármore.
Alexandra Ferreira gosta que os seus trabalhos sejam fruídos de forma desprendida, pois prefere que as pessoas venham visitar a sua exposição e, à maneira de cada um, criem uma ideia do que viram. Tal como em maio de 2021, quando instalou a sua “Plataforma Imaginária”, uma escultura em pedra, no Bairro da Malagueira, em Évora, há um convite discreto para o público desfrutar os trabalhos de forma livre e lúdica.
Neste momento, Alexandra Ferreira está a trabalhar em Vila Viçosa, aproveitando a proximidade das pedreiras aí existentes. Nesta indústria de transformação e aproveitamento da pedra, há um imenso desperdício, que pode ser aproveitado para ela própria trabalhar e produzir cultura. Desde os seus 19 anos, Alexandra trabalha com o desperdício, aliás, a sua vinda de Berlim para Vila Viçosa, há um ano, foi por saber que existe esse desperdício. Assim, aquilo que ia parar a desterros, é desviado da parte comercial para a cultura. É uma consciência de sustentabilidade, diz Alexandra Pereira, já que a artista plástica consegue ter essa economia de tempo, constatando que os desperdícios acontecem muitas vezes porque não há tempo e fica mais barato deitar fora e arranjar novas soluções. Por isso, acontece esse desvio, com o mármore, que muda da direção comercial para a cultura.
Nesta exposição também sentimos uma familiaridade com o Skate, com pranchas de Skate em Mármore a acompanhar peças que são utilizadas no fingerskate. A esta parte do seu trabalho, a artista responde que Os skaters que surfam em cima do solo áspero da cidade transformam o betão em ondas. Andar de skate desfaz a fronteira entre o espaço público e privado, porque torna os sítios intermédios e produtivos para movimentos. Estas esculturas produzem um flow parecido, oferecendo uma superfície lisa para um movimento imaginário.
Alexandra Ferreira nasceu no Estoril em Dezembro de 1972. Estudou Projecto / Escultura na Escola Superior de Artes e Design, nas Caldas da Rainha, com um ano de estudos em Barcelona. Dos seus trabalhos individuais, destacam-se Chaise longue (2000), escultura no espaço público de Évora, e a exposição individual Mountains are for Masochists (2008) na Galeria Plumba no Porto, “Plataformas Imaginárias” (2018) Évora, “Atrito” (2019) Lisboa.
As esculturas e os desenhos são inspirados em objetos da vida quotidiana que se transformam em reflexões sobre o aspeto material e imaterial da peça.