Filme aborda impacto do crescimento industrial na agricultura

“Alcarràs”, o filme catalão galardoado com o urso de ouro do festival de cinema de Berlim, vai ser exibido, no próximo dia 14, em Valência de Alcântara, no âmbito do festival internacional de cinema “Periferias”, que decorre entre o Norte Alentejano e a Extremadura espanhola.

Sendo um filme que aborda o tema do desenvolvimento industrial e do seu impacto na agricultura, está em destaque, esta semana, no “Ambiente em FM”, com José Janela, da Quercus. “Alcarràs é um filme de drama hispano-italiano de 2022 dirigido por Carla Simón. É ambientado e filmado perto de Alcarràs, Catalunha, em catalão, apresentando um elenco não profissional de atores. A trama trata de um drama familiar sobre o desaparecimento das atividades tradicionais de colheita de pêssego e instalação de uma mega central de painéis solares”, começa por explicar o ambientalista.

A central solar, adianta José Janela, sendo uma indústria de energia renováveis, tem também problemas ambientais: “qualquer indústria e produção de energia tem impacto. As energias renováveis têm menos impactos do que as não renováveis. Mas quando se instalam grandes centrais solares em solo agrícolas ou florestais o impacto é muito grande. Pelo contrário, se houve a instalação de painéis solares nas coberturas dos edifícios, das habitações, das indústrias ou dos serviços, não há esse impacto, pelo contrário, até permitem que os edifícios não aqueçam tanto no verão”.

A história deste filme tem ainda alguns pontos em comum com a realidade portuguesa e do próprio Alentejo. “No Alentejo, estamos a assistir a grandes alterações do uso do solo e também começamos a ter problemas com as grandes centrais solares. Por exemplo, no Gavião, onde a instalação da central irá implicar o abate de mais de mil sobreiros, uma árvore protegida. Outro exemplo é o da barragem do Pisão, pois perto da barragem está prevista a instalação de um grande central solar com uma área de mais do dobro da vila do Crato”, revela ainda José Janela.