O preço dos combustíveis praticado atualmente em Portugal, em particular do gasóleo rodoviário, apesar da ligeira descida desta semana, está a prejudicar bastante as associações de bombeiros.
Com o transporte de doentes não urgentes a assumir-se como “uma das principais fontes de receita”, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Elvas enfrenta “grandes dificuldades”, ponderando já “não fazer alguns serviços”, como nos referiu o presidente da associação, Amadeu Martins (na foto).
“O impacto do preços dos combustíveis já vai sendo grande. O valor que nós cobramos aos hospitais e a quem nos requisita o serviço é o mesmo, sendo que a parte dos hospitais, que compete ao Estado, já não é revisto desde 2008/2009. Nós sentimo-nos na obrigação de fazer o transporte dos doentes, mas temos que ter em consideração que a associação vive destes serviços. Já o transporte de doentes urgentes, esse não está em causa, apesar do valor ser baixo”.
Por outro lado, Amadeu Martins recorda que “há viaturas dos bombeiros que têm que pagar para circular nas autoestradas, o que acarretou uma despesa ainda maior e que nós ainda não refletimos no preço do quilómetro”.
Apesar de o Governo ter anunciado a decisão de transferir 1500 euros para cada corporação de bombeiros “a título de compensação transitória da comparticipação com encargos com combustíveis”, o presidente da associação elvense explica que este valor não tem nada a ver com o transporte de doentes, mas sim “com o dispositivo de combate a incêndios do ano passado, uma despesa já paga pelos bombeiros”.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Elvas cobra 50 cêntimos por quilómetro neste transporte de doentes não urgentes, verba que não é atualizada desde 2008. Viagens mais curtas, “como Portalegre e Campo Maior, já dão algum prejuízo. No entanto, não nos podemos esquecer que a população que nós servimos, maioritariamente idosa e com reformas muito baixas, se nós aumentarmos o preço do quilómetro, não têm como pagar”.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Elvas vai decidir, em reunião de direção, se vai manter o transporte de doentes não urgentes dentro dos mesmos moldes, devido ao elevado preço dos combustíveis.