Jaime Carmona e os bares escolares: “não se controla o que os alunos comem”

Sandes de chouriço, croissants, empadas ou batatas fritas são alguns dos alimentos que passaram a ser proibidos nos bares das escolas públicas, onde também se deixou de vender, entre outros, hambúrgueres, cachorros-quentes, sumos com açúcar adicionado e chocolates.

Nas escolas do Agrupamento de Campo Maior, e à semelhança de todos os outros do país, a oferta alimentar é agora reduzida, sendo esta, para o diretor, Jaime Carmona, uma medida que atinge sobretudo as instituições de ensino, uma vez que, em termos de benefícios para a saúde, garante, não se consegue controlar tudo o que os alunos comem, uma vez que estes acabam por trazer os doces e os salgados de casa ou compram fora.

“De há dois anos e meio para cá tínhamos começado a fazer uma seleção mais rigorosa e criteriosa em relação a algumas coisas que vendíamos. Obviamente que, com a orientação emanada, tivemos de cumprir e hoje em dia os bares têm uma oferta muito limitada”, começa por dizer Jaime Carmona.

O diretor do Agrupamento de Escolas de Campo Maior assegura que a medida “se percebe”, embora “precise de outro tipo de reforço”. Jaime Carmona garante ainda que não houve um período de adaptação para as escolas, ainda que, em Campo Maior, “não tenha custado tanto”, uma vez que os bares já tinham uma oferta “mais reduzida”.

Já os alunos da Secundária de Campo Maior revelam-se insatisfeitos com a situação, sendo agora os cafés, junto à escola, a alternativa para comprar tudo aquilo que mais gostam. Pedro Carapinha, por exemplo, garante que a medida não vem alterar em nada a intenção dos alunos em consumir doces e salgados e que, atualmente, no bar da escola, há uma variedade muito reduzida de alimentos. “Tiraram a maior parte das coisas que atraía os alunos ao bar da escola”, garante.

Há alunos que, desde o arranque deste novo ano letivo, já nem sequer vão ao bar da escola. É o caso de Débora Branca. “Não vou ao bar, porque não há nada. Só há sandes e leite. Acabamos por vir cá fora, mas fica mais caro”, assegura esta aluna. Márcia Encarnação, por outro lado, revela que as tostas mistas e os chocolates que antes comprava no bar da escola, compra agora no café que se encontra junto à secundária.

Ao todo, foram mais de 50 os produtos alimentares que foram banidos dos bares e máquinas de venda automática das escolas neste ano letivo. A decisão dos Ministérios da Educação e da Saúde, contudo, é tudo menos consensual.