Crianças confinadas mais expostas a violência doméstica

Nos últimos tempos, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) tem registado um aumento substancial do número de crianças expostas a situações de violência doméstica, em Elvas.

De acordo com a presidente da instituição, Joana Muñoz, este crescimento do número de casos referenciados tem tudo a ver com o facto de as famílias terem estado confinadas em casa, enquanto vivem sérios problemas. “Sobretudo em 2020, este aumento foi de mais de cem por cento”, garante.

“As crianças são expostas a situações muito complicadas, em casas com reduzidas dimensões, onde está uma família toda junta, com grandes constrangimentos e com problemas muito gravas. Acaba por entrar tudo em ebulição e as crianças são expostas àquelas situações complicadas”, revela Joana Munõz.

Atualmente, são 114 os processos que a CPCJ de Elvas tem ativos. “É um número considerável e preocupante”, assegura a presidente da instituição, adiantando que, também em termos nacionais “esta é uma realidade”.

Joana Muñoz, lembrando que para os técnicos da CPCJ este trabalho é duro, explica que um projeto nacional, lançado em 2019, tem vindo a procurar apoiar os mesmos, em situações mais difíceis de lidar. “O volume processual também nos magoa, também dói. Às vezes queremos ter respostas e não temos. Como é que estamos perante um pai que diz que não tem dinheiro para dar de comer a um filho?”, questiona-se.

As dificuldades das famílias são transversais a todo o país, garante Joana Muñoz, lembrando que em Elvas, há apoios, como os programas de ocupação temporário, mas que os mesmos “não resolvem os problemas”. “Temos também o Rendimento Social de Reinserção, que vai ajudando, mas não resolve”, acrescenta.

O número de processos que a CPCJ vem a acompanhar, atualmente, resulta, entre outros, da “falta de competências parentais” de alguns progenitores, situação que “não é nova em Elvas”.