Sete novos casos de violência doméstica no distrito; um em Elvas

Os efeitos colaterais da pandemia podem ser bastante violentos para todos aqueles que, durante os períodos de confinamento, se vêem trancados entre quatro paredes e a conviver, 24 por horas por dia, com os seus agressores.

Só entre 22 de março e 3 de maio, do ano passado, no decorrer do primeiro confinamento decretado pelo Governo, foram reportados 683 casos de violência doméstica em todo o país, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

De acordo com Patrícia Ramos, do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica de Portalegre, estes períodos de confinamento têm conduzido ao agravamento do consumo de álcool e da dependência de jogos, situações muito associadas aos agressores. Contudo, a responsável garante que não se pode afirmar, com certezas, que o confinamento seja o principal responsável pelo aumento do número de casos de violência doméstica.

“Não existem ainda dados concretos e científicos que há uma relação”, assegura. “Estar neste momento, em casa, com o agressor, pode estar sim a impedir – e isto é que nos preocupa – que as vítimas consigam pedir ajuda”, acrescenta.

Com os atendimentos presenciais suspensos, devido à pandemia, o acompanhamento dos casos, através de telefone, acaba por gerar alguma preocupação. “Isto causa algum constrangimento, porque podemos estar a contactar a vítima e o agressor surgir ou estar em casa naquele momento”, explica.

Desde o início do ano, foram identificados, no distrito, sete novos casos de violência doméstica – um em Elvas, assim como em Marvão, dois em Campo Maior e três em Portalegre -, num total de 24 que o núcleo acompanha, atualmente.

De acordo com os dados da APAV, relativos ao período do primeiro confinamento, das 683 denúncias de agressões, 86 por cento das situações são de violência doméstica, os restantes 14 por cento correspondem a outras formas de abusos à integridade física, como por exemplo crimes sexuais.

A violência doméstica continua a atingir sobretudo as mulheres, entre os 21 e os 44 anos, que perfazem 83 por cento das queixas.