Rui Espada: sem alargar moratórias, confinar “será o caos”

Portugal vai entrar num novo confinamento, tendo em conta o forte aumento do número de casos de infeção por Covid-19, sendo que praticamente todos os setores, desde a restauração à cultura, do comércio local à hotelaria, vão voltar as sofrer um grande impacto, com esta solução do Governo para proteger a saúde da população.

As receitas de muitos dos setores de atividade vão sair ainda mais beliscadas deste novo confinamento, sendo que para o presidente do Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE), Rui Espada, alguns dos apoios existentes apenas contribuem para que as empresas contraiam ainda mais dívidas. “As empresas não conseguem suportar e com os apoios que têm, de momento, só estão a contrair dívida, para mais tarde pagar”, explica, lembrando que não há qualquer medida a fundo perdido.

“As despesas são sempre fixas, as pessoas sabem sempre o que têm de pagar. Mas o que as pessoas têm a receber não sabem. De portas fechadas então é que não vão ter nada para receber”, assegura Rui Espada. Perante as obrigações que têm, as empresas acabam por ter “de cortar nas despesas fixas: entre elas, as pessoas”.

Rui Espada lembra que muitas empresas foram obrigadas a fechar portas e já não voltaram a abrir, pelo que muita gente foi empurrada para o desemprego. “Infelizmente, as empresas vão ter fechar portas novamente e isto não é um elástico, mas temos que nos ir moldando às situações”, assegura.

Perante este novo confinamento, o presidente do NERE espera que haja um novo alargamento das moratórias, caso contrário, assegura, “será o caos”. “As empresas vão ter que ter uma capacidade financeira brutal”, acrescenta. Rui Espada assegura ainda que o Estado não devia pedir determinadas condições às empresas, assegurando que há exigências feitas, para que possam usufruir das medidas de apoio, que condicionam, em muito, ou impedem mesmo, a respetiva aprovação.

“Uma empresa só se pode candidatar se tiver resultados positivos no último ano. Uma empresa, por exemplo, que abriu em outubro de 2019, a fazer investimento, como é que, nesse ano, pôde ter resultado positivos?”, questiona-se.

O alojamento, a restauração e as atividades turísticas estão entre os setores mais afetados pela pandemia, sendo que no passado, mais de 2.200 empresas portuguesas pediram insolvência. Prevê-se que, neste novo ano, cerca de 15 por cento das empresas possam não resistir à pandemia.