A Câmara Municipal de Elvas, na semana passada, fez saber que colocava, ao dispor dos três agrupamentos de escolas, 900 computadores portáteis, para fazer face às necessidades do ensino à distância.
Contudo, a mãe de dois alunos do Agrupamento n.º 1 fez chegar à nossa redação o comunicado da Direção do mesmo agrupamento, no qual explica os motivos pelos quais estes equipamentos não vão chegar às mãos das crianças.
Filipa Alves revela que, na impossibilidade de comprar um computador para os seus dois filhos, e sem esta ajuda que tinha sido “prometida”, é complicado, sobretudo, para o mais velho, a frequentar o 9.º ano, conseguir acompanhar as aulas através do telemóvel.
Esta mãe lembra que muitas crianças, à semelhança das suas, se veem impossibilitadas de acompanhar da melhor forma, o ensino à distância, adiantando que o agrupamento considera que os equipamentos em questão não são os mais adequados para o efeito.
A Rádio ELVAS entrou em contacto com a diretora do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Elvas, Paula Rondão, que fez questão de explicar os motivos para a decisão de não entregar estes equipamentos aos alunos.
“Em 2018, a Câmara, enquadrada num programa governamental de promoção do sucesso escolar, entregou às escolas, para cada criança do primeiro ciclo, um tablet (…). Esses tablets, não possuem Office, nem ferramentas de trabalho através das quais os alunos têm de desenvolver as suas atividades com os professores”, esclarece Paula Rondão.
“Os tablets têm jogos lúdicos, têm programas do ‘+ Sucesso’, que são apenas programas que eles são capazes de desenvolver em contexto de sala de aula, com orientação do professor, pelo que os meninos não têm autonomia para trabalharem com os tablets sozinhos”, acrescenta a diretora.
Esta decisão de não entregar os dispositivos eletrónicos às crianças, justifica Paula Rondão, surge ainda no sentido de se evitarem desigualdades, uma vez que estes equipamentos apenas funcionam através de acesso à internet, algo que cerca de metade dos alunos do 1º ciclo do agrupamento não têm em suas casas.
“No 1º ciclo, eu tenho 330 alunos. Desses 330, apenas 160 têm Internet. O que é que eu faria aos outros cerca de 160 que não têm internet? Como é que eu justificaria essa desigualdade?”, interroga-se a professora e diretora do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Elvas.