“Cuidado com o cão” e “Quando entrar nesta casa/ Com a língua tome cautela/ Para não entrar pela porta/ E sair pela janela” são mensagens que já podemos ter lido em azulejos.
O azulejo faz parte da arte portuguesa há mais de cinco séculos. Encontramos azulejos em igrejas, cafés, casas, edifícios históricos e em murais para apaixonar o visitante comum.
Com um formato tradicional de 15 por 15 centímetros, podem ter muitas temáticas como por exemplo os mitos literários ou servir propósitos objetivos como quando lemos “Cuidado com o cão” para avisar de um animal feroz, ou não, na área.
Com uma história tão secular, alguns azulejos adquirem valor e são furtados para serem vendidos. O Museu de Polícia Judiciária decidiu combater a delapidação deste património e coordena projeto “SOS Azulejo” que pretende recuperar esta herança artísticas.
A Escola Secundária D. Sancho II, em Elvas, juntou-se a esta iniciativa e os alunos desenham e fazem azulejos. O professor da instituição, Carlos Aurélio, explica em que consiste o “SOS Azulejo”.
Quem não conhece o professor Carlos Aurélio não sabe que o painel de azulejos com mais de 35 metros de comprimento é da sua autoria.
O projeto “SOS Azulejo” tem informações atualizadas sobre os azulejos que são furtados. Carlos Aurélio afirma que tal acontece porque os azulejos têm grande valor na cultura portuguesa.
Alguns alunos da Escola D. Sancho II têm a oportunidade de durante cerca de três semanas aprenderem a pintar e a fazer arte com azulejos. O professor Carlos Aurélio explica o processo que é em parte semelhante à pintura em fresco.
O método mudou com os tempos e com diferentes tecnologias o método para desenhar e pintar um azulejo era diferente, segundo descreve o docente.
A presença do azulejo é inegável na história portuguesa e este representa um pouco da identidade lusitana, como afirma Carlos Aurélio.
Os alunos contribuem de várias formas para o projeto entre a sugestão e escolha de temas até ao processo de fundição, como explica o docente.
Os participantes pela Escola D. Sancho II já pintaram azulejos inspirados na Igreja das Domínicas e o tema é escolhido em apoio com os estudantes.
Uma das alunas que participa é Maria Carolina Rosa e indica que este ano realizaram dois trabalhos criativos e um do património.
Para a aluna, a primeira vez a trabalhar com um azulejo foi complicada porque este absorvia muito rapidamente a tinta, mas foi até se habituar ao processo.
Um outro aluno que também colaborou foi Eduardo Damião e ficou satisfeito com o resultado mas teria tentado de outra forma, com menos pinceladas e com um outro método de aplicação das cores.
Também a aluna Maria Carolina Rosa sentiu que era um bom trabalho, mas indica que mudava a técnica em futuros trabalhos por se notarem as pinceladas.
O professor Carlos Aurélio, que ensina os alunos a pintarem em azulejos e colabora com o projeto “SOS Azulejo” é da opinião que os alunos gostaram.
Para Maria Carolina Rosa este foi um trabalho que mudou a forma como olha para os azulejos e afirma que aprecia mais a arte.
Por outro lado, o colega Eduardo Damião, não sente que isto mudou a sua perspetiva, visto que aprecia mais arte de rua.
O docente indica que esta contribuição dos estudantes também ajuda a decorar a escola e a não deixá-la um espaço tão sombrio.
Esta iniciativa pretende, como explicou o professor Carlos Aurélio, cativar o interesse na população mais jovem pelo azulejo. Afinal de contas, este quadrado artístico é parte da cultura portuguesa e representa parte da identidade nacional.
A característica de fazer muito com pouco é muito típica à existência portuguesa e a história da nação representa esse atributo.
A necessidade de projetos como o “SOS Azulejo” demonstra-se na importância do azulejo. Incentivar a população mais jovem a apreciar a arte do azulejo é uma das formas de não perder essa arte e Carlos Aurélio considera que os dados atuais mostram que há futuro.
Uma arte como a arte azulejar é parte da identidade portuguesa. Tal como a calçada portuguesa, tal como o fado, tal como o sentimento da saudade. O projeto “SOS Azulejo” pretende recuperar os azulejos que são furtados e repô-los nos lugares devidos para se apreciar a história e se perceber a identidade portuguesa.
No entanto, é preciso cativar à criação de arte azulejar para não deixar morrer algo que teve valor, continua a ter valor e que todos os dias vemos na rua e nos edifícios que mais gostamos de visitar.